Não será difícil compreender
como a figura de um padre hoje representa um sinal de Deus para o povo. Padre
Pedro Antônio Filho é uma figura simples, descontraída, sempre com uma
brincadeira ou um sorriso – jeito típico de atender a todos. Apesar de sua
rotina corrida que compreende o cotidiano administrativo de uma paróquia,
programas em diversas emissoras de rádios além da disponibilidade para ajudar
colegas sacerdotes de cidade vizinha, o ‘padre romeiro’ tem sua casa de portas
abertas e de grande acolhida para quem o visita que logo se sente também da
família.
Amante da natureza dos
animais e da arte nordestina, encontra tempo para uma dedicação especial aos
que mais sofrem, através de mensagens, de suas pregações e visitas que realiza
rotineiramente a presídios, hospitais e residências.
DE BONITO AO
SACERDÓCIO
Pedro Antônio Filho
nasceu em 16 de julho de 1963 em Bonito, no Agreste de Pernambuco. Filho de
Pedro Antônio da Silva e Isabel Sabino de Barros, é o mais novo entre seis. Revela
que desde cedo sentiu um chamado especial para ser padre: “dentro de mim havia
um chamado – vem e segue-me! Escutei esse chamado com carinho e decidi servir
ao Senhor”.
Apesar das
dificuldades, iniciou a faculdade de Filosofia no Seminário Arquidiocesano de
Maceió, Alagoas e concluiu o curso de Teologia no ITER em Recife.
Foi ordenado Padre em
08 de dezembro de 1989, pelo então Bispo da Diocese de Caruaru, Dom Augusto de
Carvalho na sua terra natal na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição onde
desempenhou a função de Vigário Administrador. Em 27 de dezembro do mesmo ano
celebrou pela primeira vez em São Joaquim do Monte, onde passou a ser pároco.
O jovem e
recém-ordenado padre Pedro implantou um trabalho paroquial com uma linguagem
nova e jovem, causando estranheza e gerando algumas dificuldades. “Foi difícil
assumir uma paróquia extremamente tradicional e conservadora em uma cidade
pequena e por ser um jovem padre de visão avançada, aberto e amigo, quando o
povo não estava preparado para receber um padre moderno”, relata pe. Pedro.
No entanto as
resistências foram dando espaço ao encantamento evangélico e ao engajamento de
muitas pessoas. As missas passaram a serem animadas e com uma dimensão
renovada. Essa marca perdura até os dias atuais e é a apresentação do Sacerdote
do Povo de Deus.
Agosto de 1993. Na
entrada da vizinha cidade de Camocim de São Félix, vários motoristas em cortejo
aguardavam um veículo. Assim que passasse, seguiram-no em buzinaço até São
Joaquim. Um utilitário marrom passava e fogos e buzinas saudavam: Frei
Fernando, conduzia pelas estradas nordestinas o Frade Capuchinho que por seu
exemplo arrebanhou multidões para Deus – Frei Damião. Seria a primeira das
muitas romarias que marcariam o meses de agosto e setembro na cidade.
“Desde criança eu
viajava com meu pai para Juazeiro do Norte, em romarias, para visitar o Padre
Cícero Romão Batista. Daí fui crescendo participando desse ritual de fé. Depois
de ordenado, continuo com o mesmo desejo de estar no meio do povo mais humilde,
que caminha guiado pela fé. Foi quando surgiu a ideia, ainda no Juazeiro, de
convidar Frei Damião para realizar as ‘santas missões’ em São Joaquim do Monte”,
relembra Padre Pedro.
Eram centenas de
romeiros da região. Muitos viam a pé de cidades vizinhas, em caminhada
penitencial. Dos grupos a multidão, a Romaria do Frei Damião se tornou uma
grande demonstração de fé de um povo e a cidade de São Joaquim do Monte hoje é
conhecida no Nordeste como a cidade da romaria do frade Capuchinho.
A Romaria do Frei Damião é o seu legado e mesmo não estando mais à frente do evento, a figura de cada romeiro tem essa convocação do Padre Pedro, que não obstante as dificuldades, arrebanhou os devotos do Frei Damião e segue presente na essência da Romaria.